Lua Nova - Epílogo - Humano
Esse era um daqueles raros dias ensolarados, o meu tipo menos favorito de dia. Mas Edward não podia cumprir a promessa dele a cada minuto. Ele tinha necessidades.
-Alice podia ficar de novo-, ele ofereceu, tarde na sexta a noite. Eu podia ver a ansiedade por trás de seus olhos ? o medo de que eu fosse enlouquecer quando ele me deixasse sozinha e fosse fazer alguma coisa louca. Como recuperar a minha moto de La Push, ou brincar de roleta Russa com a
pistola de Charlie.
-Eu vou ficar bem-, eu disse, com uma falsa confiança. Tantos meses de mentiras haviam aprimorado as minhas habilidades de
enganar. -Vocês todos precisam comer também. Nós podemos muito bem voltar à
nossa rotina-.
Quase tudo estava de volta ao normal, em menos tempo do que eu teria acreditado que fosse possível. O hospital havia recebido Carlisle de volta com braços ansiosos, sem nem sequer se incomodar em ouvir a mentira deles sobre Esme ter achado a vida de Los Angeles de muito pouco gosto.
Graças ao teste de Cálculo que eu perdi enquanto estava no exterior, Alice e Edward estavam em melhor forma pra se formarem do que eu estava no momento. Charlie não estava feliz comigo ? nem falando com Edward ? mas pelo menos Edward já podia entrar na casa de novo. Só que eu não podia sair dela.
-De qualquer forma, eu tenho todos esses ensaios pra escrever-, eu suspirei, acenando na direção da pilha de inscrições pra faculdade ? Edward havia arrumado uma de todas as faculdades satisfatórias que ainda estivessem com o prazo aberto ? na minha mesa. -Eu não preciso de distrações-.
-Isso é verdade-, ele disse com severidade de brincadeira. -Você tem muitas coisas pra te manter ocupada. E eu vou voltar quando estiver escuro novamente-.
-Pode demorar-, eu o disse levemente, e fechei meus olhos como se estivesse cansada. Eu estava tentando convence-lo de que acreditava nele, o que era verdade. Ele não precisava saber sobre os pesadelos de zumbis. Eles não se tratavam de não confiar nele ? era comigo mesma que eu não podia contar.
Charlie ficou em casa, que não era normal para um sábado à noite. Eu trabalhei nas inscrições na mesa da cozinha, pra que ele pudesse manter um olho em mim com mais facilidade. Mas eu estava cansada de ver, e ele raramente deixava a TV pra vir ver se eu ainda estava lá.
Eu tentei me concentrar nos formulários e perguntas, mas era difícil. De vez em quando eu me sentia solitária; a minha respiração espetava e eu tinha que lutar pra me acalmar. Eu me senti como um pequeno motor que podia ? de novo e de novo eu tive que dizer a mim mesma, você pode fazer isso, você pode fazer isso, você pode fazer isso.
Então, quando a campainha da porta tocou, a distração foi mais que bem-vinda. Eu não tinha idéia de quem pudesse ser, mas eu não me importava de verdade.
-Eu atendo!- eu me apressei, me levantando da mesa num flash.
-Okay-, Charlie disse ausentemente. Enquanto eu passava apressada pela sala de estar, ficou claro que ele não tinha se movimentado um centímetro.
Eu já estava com um sorriso de alívio e boas-vindas no meu rosto, pronta pra fascinar os vendedores de porta em porta das Testemunhas de Jeová.
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