terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Capitulo excluido: New Moon – Bolsa de Estudos - cena quatro

Cena quatro: durante o período de tempo em que Jacob esteve evitando ela...

Nos degraus havia um pacote do FedEx. Eu o peguei
com curiosidade, esperando um endereço da Flórida, mas ele havia sido mandado
de Seattle. Não havia nenhum remetente no lado de fora da caixa.
Ele estava endereçado a mim, não a Charlie, então eu
o levei até a mesa e rasguei a aba do papelão pra abri-lo.
Assim que eu vi a logo-marca verde escura do Fundo
do Pacífico Norte, eu senti que a minha dor de estômago estava voltando. Eu caí
na cadeira mais próxima sem olhar para a carta, a raiva se acumulando
lentamente.
Eu não podia nem sequer me fazer lê-la, apesar dela
não ser longa. Eu a puxei pra fora, a coloquei virada pra baixo em cima da
mesa, e olhei relutantemente de volta para dentro da caixa, pra ver o que havia
embaixo. Era um envelope inchado cor de baunilha. Eu estava com medo de
abri-lo, mas com raiva suficiente pra abri-lo com um rasgão do mesmo jeito. A
minha boca era uma linha dura enquanto eu rasgava o papel sem me preocupar em
abrir pela aba. Eu já tinha coisas suficientes pra lidar agora. Eu não
precisava de lembretes e nem da irritação.
Eu fiquei chocada, e mesmo assim não fiquei
surpresa. O que mais podia ser além disso ? três bolos grossos de notas,
apertados com força por um elástico de borracha. Eu não precisava olhar as
denominações. Eu sabia exatamente o quanto eles estavam tentando forçar às
minhas mãos. Seriam trinta mil dólares.


Eu levantei o envelope lentamente enquanto me
levantava, e me virei pra joga-lo na pia. Os fósforos estavam no topo da gaveta
de bobagens, exatamente onde eu os havia deixado da última vez. Eu tirei um e o
acendi.
Ele queimava mais e mais perto dos meus dedos
enquanto eu encarava o envelope odioso. Eu não conseguia fazer os meus dedos
soltarem ele. Eu larguei o fósforo antes que ele me queimasse, o meu rosto se
transformando em uma careta de desgosto.
Eu peguei a carta de cima da mesa, amassando-a em
uma bola e atirando-a no outro recipiente da pia. Eu acendi outro fósforo e o
joguei no papel, olhando com uma satisfação maliciosa enquanto ele queimava. Um
aquecimento. Eu acendi outro fósforo. De novo, eu o segurei, queimando, acima
do envelope. De novo, ele queimou quase até os meus dedos antes que eu o
atirasse nas cinzas da carta. Eu simplesmente não conseguia me fazer queimar
trinta mil dólares.
Então o que eu ia fazer com isso? Eu não tinha
nenhum endereço pra manda-lo de volta ? eu tinha certeza de que essa companhia
nem existia de verdade.
E aí me ocorreu que eu tinha um endereço.
Eu joguei o dinheiro de volta na caixa do FedEx,
arrancando a etiqueta pra que se alguém chegasse a descobri-lo, fosse
impossível liga-lo a mim, e andei de volta até a minha caminhonete, murmurando
incoerentemente no caminho. Eu prometi a mim mesma que eu ia fazer uma coisa especialmente
descuidada com a minha moto essa semana. Eu ia fazer acrobacias como uma dublê
se fosse preciso.
Eu odiei cada centímetro do caminho enquanto eu
vagava por entre as árvores obscurecidas, apertando os meus dentes até que a
minha mandíbula estava doendo. Os pesadelos iam ser ferozes essa noite ? fazer
isso era pedir que isso acontecesse. As árvores se abriam entre as samambaias,
e eu dirigi raivosamente por elas, deixando uma fila dupla de gravetos
quebrados, escoados atrás de mim. Eu parei perto dos degraus da frente,
colocando a marcha em ponto morto.
A casa parecia exatamente a mesma, dolorosamente
vazia, morta. Eu sabia que estava projetando os meus próprios sentimentos na
aparência dela, mas isso não mudou a forma como ela parecia pra mim. Sendo
cuidadosa pra não olhar pra fora pela janela, eu caminhei até a porta da
frente. Eu desejei desesperadamente ser um zumbí novamente só por um minuto,
mas a entorpecência já tinha passado da validade há muito tempo.
Eu coloquei a caixa cuidadosamente na entrada da
casa abandonada, e me virei pra ir embora.
Eu parei no primeiro degrau. Eu não podia
simplesmente deixar uma pilha de dinheiro na frente da porta. Isso era quase
tão ruim quanto queimá-lo.
Com um suspiro, mantendo os meus olhos baixos, eu me
virei de volta e peguei a caixa ofensiva. Talvez eu pudesse simplesmente doa-lo
pra uma boa causa. Uma caridade pra pessoas com doenças sanguíneas, ou algo
assim.
Mas eu estava balançando a cabeça enquanto voltava
para a caminhonete. Esse era o dinheiro dele, e, maldição, ele ia ficar com
ele. Se ele fosse roubado na frente da casa dele, era culpa dele, não minha.
A minha janela estava aberta, e ao invés de sair, eu
simplesmente atirei a caixa com toda força que podia em direção à porta.
Eu nunca tive a melhor mira. A caixa bateu com força
na janela da frente, deixando um buraco tão grande que parecia que eu havia
atirado uma máquina de lavar.
-Aw, merda!? Eu asfixiei alto, cobrindo meu rosto
com as mãos.
Eu devia saber que não importava o que eu fizesse,
eu simplesmente ia piorar as coisas. Eu estava apenas devolvendo a propriedade
dele. Era problema dele que ele tivesse transformado isso numa tarefa tão
difícil. Além do mais, o som do vidro quebrando foi meio legal ? ele me fez
sentir um pouco melhor de uma forma perversa.
Eu não me convenci de verdade, mas eu tirei a
caminhonete do ponto morto e fui embora mesmo assim. Isso era o mais perto que
eu podia chegar de devolver o dinheiro pra onde ele pertencia. E agora eu tinha
uma boa entrada pra caixas para a prestação do mês que vem. Era o melhor que eu
podia fazer.
Eu repensei isso centenas de vezes de chegar em casa. Eu procurei na lista telefônica procurando por vidraceiros, mas não haviam estranhos a quem eu pudesse pedir ajuda. Como era que eu ia explicar o endereço? Será que Charlie teria que me prender por vandalismo?

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