Capítulo 06 - Tipo sanguíneo
Eu a segui durante o dia todo
através dos olhos das outras pessoas, abertamente consciente
da minha própria vizinhança.
Não os olhos de Mike Newton, por
que eu não conseguia mais agüentar suas ofensivas
fantasias, e não pelos olhos de
Jessica Stanley, por que seu ressentimento por Bella me
deixava perigosamente nervoso.
Ângela Weber era uma boa escolha, quando os olhos dela
estavam disponíveis; ela era
gentil - sua cabeça era um lugar fácil de estar. E algumas vezes
os professores providenciavam a
melhor vista.
Eu estava surpreso, assistindo
ela tropeçar pelo dia - tropeçando na beira da calçada,
deixando os livros cair, e muitas
vezes caindo junto; nos próprios pés - através dos
pensamentos das pessoas que ouvi
achando que Bella era desastrada.
Eu considerei aquilo. Era verdade
que ela muitas vezes teve a preocupação de ficar em pé,
direito. Eu me lembrava dela
tropeçando até a mesa no primeiro dia, deslizando pelo gelo
antes do acidente, caindo embaixo
do batente da porta ontem… Era impar, eles estavam
certos. Ela era desastrada.
Eu não sabia por que aquilo era
tão engraçado para mim, mas eu estava rindo em voz alta
enquanto andava da aula de
História Americana para o Inglês e muitas pessoas me
lançaram olhares cuidadosos. Como
eu não tinha percebido isso antes? Possivelmente por
que havia algo bem gracioso em
sua calma, no jeito que ela mantinha a cabeça, o arco do
seu pescoço…
Não havia nada de gracioso nela
agora. Mr. Varner assistia ela prender a ponta de sua bota
no carpete e literalmente cair na
sua cadeira.
Eu ri de novo.
O tempo se movia incrivelmente
lento enquanto eu esperava para vê-la com meus próprios
olhos. Finalmente o sinal tocou.
Eu corri até a cafeteria para assegurar meu lugar. Eu era o
primeiro a chegar lá. Escolhi uma
mesa que normalmente estava vazia, e eu estava seguro
de permanecer no caminho que
tinha me levado a sentar ali.
Quando minha família entrou e me
viu sentado sozinho em meu novo lugar eles não
estavam surpresos. Alice devia
ter avisado a eles.
Rosalie passou por mim sem me
olhar.
Idiota.
Rosalie e eu nunca tivemos um
relacionamento fácil - eu a ofendi na primeira vez que ela
me ouviu falar, e foi ladeira
abaixo desde então - mas parecia que elas estava mais
temperamental nesses últimos
dias. Eu suspirei. Para Rosalie tudo era sobre ela mesmo.
Jasper me deu um sorriso torto e
continuou a andar.
Boa sorte, ele pensou
duvidosamente.
Emmett rolou os olhos e balançou
a cabeça.
Perdeu a cabeça, pobre garoto.
Alice estava radiante, seus
dentes brilhando mais do que deviam.
Posso falar com Bella agora?
“Fique fora disso,” Eu disse
através da minha respiração.
Seu rosto ficou triste, e então
brilhou de novo.
Tudo bem. Seja teimoso. É só uma
questão de tempo.
Ela suspirou de novo.
Não se esqueça da aula de
laboratório de biologia de hoje, ela me lembrou.
Eu acenei com a cabeça. Não, eu
não me esqueci disso.
Enquanto eu esperava Bella
chegar, eu a segui através dos olhos do calouro que andava
atrás de Jessica, no caminho para
a cafeteria. Jessica estava tagarelando sobre o próximo
baile, mas Bella não disse nada
em resposta. Não que Jessica tivesse dado muita chance a
ela de responder.
No momento em que Bella passou
pela porta, seus olhos fitaram momentaneamente a mesa
onde meus irmãos se sentavam. Ela
observou por um momento, e então sua testa se
enrugou e seu olhar baixou até o
chão. Ela não havia me notado.
Ela parecia tão… triste. Eu senti
uma urgência enorme em levantar e ir até ela, para
confortá-la de alguma forma, eu
só não sabia o que ela acharia reconfortante. Eu não tinha
idéia do motivo que a fizera
parecer daquela forma. Jessica continuava a matraquear sobre
o baile. Será que Bella estava
triste que iria perder isto? Aquilo não parecia muito
provável…
Mas poderia ser remediado, se ela
quisesse.
Ela comprou uma bebida para o seu
almoço e nada mais. Aquilo estava certo? Será que ela
não precisava de mais nutrientes
do que apenas aquilo? Eu nunca prestei muita atenção à
dieta de um humano antes. Humanos
eram tão exacerbadamente frágeis! Havia milhões de
coisas com que deviam se
preocupar…
“Edward Cullen está encarando
você novamente,” eu ouvi Jessica dizer. “Por que será que
ele está sentado sozinho hoje?”
Eu estava agradecido a Jessica -
apesar de ela estar ainda mais ressentida agora - porque
Bella levantou a cabeça e seus
olhos procuraram até que encontrassem os meus.
Não havia traço de tristeza em
sua face, agora. Eu me permiti acreditar que ela estava triste
por imaginar que eu havia ido
embora mais cedo, e a esperança desse pensamento me fez
sorrir.
Eu a chamei com meu dedo para que
ela se juntasse a mim. Ela pareceu tão surpresa com
aquilo que eu quis provocá-la
novamente.
Então eu pisquei e ela ficou
boquiaberta.
“Ele está chamando você?” Jessica
perguntou com desprezo.
“Talvez ele precise de ajuda com
o dever de biologia,” ela disse em uma voz
baixa e cheia
de incerteza. “Um, é melhor eu
ver o que ele quer.”
Este foi outro sim.
Ela tropeçou duas vezes no
caminho para a minha mesa, apesar de não haver nada no seu
rumo além de um piso
perfeitamente plano. Sério, como eu deixei de notar isto antes? Eu
estava prestando mais atenção aos
seus pensamentos silenciosos, creio eu… O que mais eu
teria perdido?
Seja honesto, seja claro eu
repeti para mim mesmo.
Ela parou atrás da cadeira que
estava a minha frente, hesitante. Eu respirei fundo, dessa vez
pelo meu nariz e não pela boca.
Sinta a queimação, eu pensei
objetivamente.
“Por que você não se senta comigo
hoje?” Eu perguntei a ela.
Sem tirar os olhos de mim por um
instante, ela puxou a cadeira e sentou -se. Ela parecia
nervosa, mas sua aceitação física
era um outro sim.
Eu esperei que ela falasse.
Levou um momento, mas finalmente
ela falou, “Isto é diferente.”
“Bem…” Eu hesitei “Eu decidi, de
uma vez que eu vou para o inferno, posso muito bem
fazer o serviço completo
O que me fez dizer aquilo? Eu
suponho que pelo menos tenha sido honesto. E talvez ela
tivesse ouvido o aviso sutil que
minhas palavras continham. Talvez ela entendesse que ela
deveria se levantar e sair dali o
mais rápido que pudesse…
Ela não se levantou. Ela me
encarava, esperando, como se eu não tivesse terminado minha
frase.
“Sabe, não tenho a mínima idéia
do que você quis dizer, ” ela disse quando percebeu que eu
não continuaria.
Aquilo foi um alívio, eu sorri.
“Eu sei.”
Era difícil ignorar os
pensamentos que vinham detrás de suas costas, gritando para mim - E
eu queria mudar de assunto,
também.
“Eu acho que seus amigos estão
zangados comigo por eu ter te roubado deles.”
Isso pareceu não a preocupar.
“Eles sobreviverão.”
“Eu posso não devolver você,
então.” Eu não fazia idéia se eu estava tentando ser honesto
agora ou apenas tentando
provocá-la de novo. Estar perto dela tornava difícil dar sentido
aos meus próprios pensamentos.
Bella engoliu seco.
Eu ri da expressão dela. “Você
parece preocupada,” Aquilo realmente não deveria ser
divertido, ela deveria estar
preocupada.
“Não.” Ela era uma péssima
mentirosa; não a ajudou em nada que sua voz falhasse.
“Surpresa, na verdade… o que você
quer afinal?”
“Eu te disse, me cansei de tentar
ficar longe de você. Então estou desistindo.” Eu segurei
meu sorriso com um pouco de
esforço. Isso não estava funcionando nem um pouco -
tentando ser honesto e casual ao
mesmo tempo.
“Desistindo?” ela repetiu
perplexa.
“Sim - desistindo de tentar ser
bonzinho.” E aparentemente desistindo de tentar ser casual.
“Eu simplesmente vou fazer o que
eu quiser, agora, e deixar que aconteça o que tiver de
acontecer.”
Aquilo foi honesto o bastante.
Deixe que ela veja meu egoísmo. Deixe que isto a alerte,
também.
“Não estou entendendo nada de
novo.”
Eu era egoísta o bastante para
estar feliz que este fosse o caso. “Eu sempre falo muito
quando estou conversando com você
- este é um dos problemas.”
Um problema bem insignificante,
comparado a todos os outros.
“Não se preocupe,” ela reafirmou.
“Eu não entendo nada mesmo…”
Ótimo, então ela não iria fugir.
“Eu estava contando com isso.”
“Então, falando sem rodeios,
somos amigos agora?”
Eu ponderei por um instante.
“Amigos…” eu repeti. Não gostei do som daquilo. Não era o
bastante.
“Ou não,” ela sussurrou,
parecendo embaraçada.
Será que ela pensava que eu não
gostava dela o bastante?
Eu sorri. “Bem, podemos tentar,
eu acho. Mas eu vou alertar que eu não sou um bom amigo
para você.”
Eu esperei pela resposta
ansiosamente - esperando que finalmente ela ouvisse e entendesse,
e imaginando que eu pudesse
morrer se ela o fizesse. Que melodramático. Eu estava me
tornando humano demais perto
dela.
Seu coração batia rápido. “Você
diz muito isso.”
“Sim, porque você não está me
dando ouvidos.” Eu disse, muito intensamente outra vez.
“Eu ainda espero que você
acredite nisso. Se for esperta, você vai me evitar.”
Ah, mas será que eu permitiria
que ela fizesse isso, se tentasse?
Seus olhos se estreitaram. “Eu
acho que você deixou clara a sua opinião, a respeito do meu
intelecto.”
Eu não estava certo sobre o que
ela quis dizer, mas eu sorri me desculpando, imaginando
que eu a tivesse ofendido
acidentalmente.
“Então,” ela disse devagar.
“Enquanto eu estiver sendo… boba, vamos tentar ser amigos?”
“É isso o que parece.”
Ela olhou para baixo, examinando
a garrafa de limonada que tinha em mãos.
A velha curiosidade me
atormentava.
“O que você está pensando?” Eu
perguntei - pelo menos era um alívio dizer estas palavras
em voz alta finalmente
Seu olhar encontrou o meu, e sua
respiração acelerou enquanto suas bochechas coraram, eu
inspirei, sentindo e saboreando o
ar.
“Eu estou tentando imaginar o que
você é.”
Segurei o sorriso em meu rosto,
travando minha feição naquela forma, enquanto o pânico
percorria todo o meu corpo.
É claro que ela estava pensando
naquilo. Ela não era estúpida. Eu não podia esperar que ela
fosse deixar de notar algo tão
evidente.
“Você está tendo alguma sorte
nisso?” Perguntei da forma mais sutil que pude.
“Não muita.” Ela admitiu.
Eu ri suavemente com a resposta,
sentindo um súbito alivio. “Quais são suas teorias?”
Elas não poderiam ser piores que
a verdade, qualquer que fossem.
Suas bochechas ficaram ainda mais
vermelhas, e ela não disse nada. Eu podia sentir no ar o
calor do seu rubor.
Tentei usar meu tom persuasivo
nela. Isso era algo que funcionava muito bem em humanos
normais.
“Não vai me dizer?” Sorri,
encorajando -a.
Ela balançou a cabeça
negativamente. “É muito embaraçoso.”
Ugh. Não saber era pior do que
qualquer outra coisa. Por que as especulações dela a
deixariam embaraçada? Não pude
suportar a curiosidade.
“É muito frustrante, sabe.”
Minha reclamação disparou algo
nela. Seus olhos brilharam e as palavras fluíram mais
rapidamente que o normal.
“Não. Eu não posso imaginar
porque isso pode ser minimamente frustrante - apenas porque
alguém se recusa a lhe dizer o
que está pensando, mesmo se durante todo o tempo estivesse
fazendo apenas pequenas
observações enigmáticas com a única intenção de lhe deixar
acordado a noite tentando
imaginar o que é que elas podem significar… agora, por que isso
seria frustrante?”
Eu franzi as sobrancelhas para
ela, irritado por aceitar que ela estava certa. Eu não estava
sendo justo.
Ela continuou. “Ou melhor, dizer
também que esta pessoa fez um monte de coisas bizarras,
desde salvar sua vida sob
circunstâncias impossíveis em um dia até te tratar como um
estranho no dia seguinte, e
jamais te explicar nem uma coisa nem outra, mesmo depois de
prometer fazê-lo. Isso também não
seria frustrante.”
Foi o mais longo discurso que eu
a ouvi fazer, e isso acrescentou mais uma qualidade na
minha lista.
“Você é meio temperamental, não?”
“Eu não gosto de dois pesos e
duas - medidas.”
Sua irritação era completamente
justificável, é claro .
Eu encarei Bella, imaginando como
eu poderia possivelmente fazer qualquer coisa certa por
ela, até que o silêncio gritante
na cabeça de Mike Newton me distraiu.
Ele estava tão irado que me fez
rir.
“O que é?” ela exigiu.
“O seu namorado parece estar
pensando que eu estou sendo rude com você - ele está se
questionando se deve ou não vir
aqui apartar a nossa briga.” Eu gostaria de vê-lo tentar. Eu
ri novamente.
“Eu não sei do que você está
falando”, ela disse de forma fria “Mas de qualquer forma, eu
tenho certeza que você está
enganado.”
Eu gostei muito do modo como ela
o rejeitou com sua sentença desdenhosa.
“Eu não estou. Eu já te disse, a
maioria das pessoas é fácil de ler.”
“Exceto eu, é claro.”
“Sim. Exceto você.” Ela tinha que
ser a exceção à tudo? Não seria mais justo -
considerando tudo mais com que eu
tinha que lidar no momento - se eu pudesse ler
ALGUMA COISA em sua cabeça? Era
pedir muito? “Eu me pergunto o porquê disso.”
Ela olhou ao longe. Ela abriu sua
limonada e tomou um curto e rápido gole, seus olhos na
mesa.
“Você não está com fome?” eu
perguntei.
“Não,” ela olhava a mesa vazia entre
nós. “Você?”
“Não, eu não estou com fome.” eu
disse. Eu definitivamente não estava.
Ela encarava a mesa com seus
lábios cerrados. Eu esperei.
“Você pode me fazer um favor?”,
ela perguntou, subitamente encontrando meus olhos
novamente.
O que ela poderia querer de mim?
Ela perguntaria sobre a verdade a qual eu não era
permitido dizer à ela - a verdade
que eu queria que ela nunca, nunca soubesse?
“Depende do que você quer”.
“Não é muito”, ela prometeu.
Eu esperei, curioso de novo.
“Eu só estava imaginando…” ela
disse lentamente, olhando para a garrafa de limonada,
traçando a boca da garrafa com o
seu dedo mínimo “se você poderia me avisar com
antecedência na próxima vez que
você resolver me ignorar para o meu próprio bem. Só pra
eu me preparar.”
Ela queria um aviso? Então ter
sido ignorada por mim deve ter sido alguma coisa ruim… eu
sorri.
“Parece justo.” eu concordei.
“Obrigada.” ela disse, olhando
para cima. Sua face estava tão aliviada que eu quis rir do
meu próprio alívio.
“Então posso ter uma resposta em
retorno?” eu perguntei, esperançosamente.
“Uma” - Ela concedeu
“Me diga uma das suas teorias.”
Ela corou “Essa não.”
“Você não qualificou, você só
prometeu uma resposta”, eu argumentei.
“Você também já quebrou suas
promessas.”, ela argumentou de volta.
Ela estava certa.
“Só uma teoria - eu não vou rir.”
“Vai sim”. Ela parecia estar bem
certa disso, apesar de eu não conseguir imaginar nada que
pudesse ser engraçado quanto a
isso.
Tentei usar a persuasão outra
vez. Olhei fundo nos olhos dela - uma coisa fácil de se fazer,
com olhos tão intensos - e
sussurrei. - “Por favor?”
Ela piscou, o rosto ficando
vazio.
Bem, essa não era exatamente a
reação que eu queria.
- É… o quê? - ela perguntou.
Parecia tonta. O que havia de errado com ela?
- Por favor, me conte só uma
teoriazinha. - eu pedi com minha voz macia e não -
assustadora, segurando seus olhos
nos meus.
Para minha surpresa e satisfação,
finalmente funcionou.
-Hmmm, bom, foi picado por uma
aranha radioativa?
História em quadrinhos? Não era à
toa que ela achou que eu iria rir.
- Isso não é muito criativo. - eu
a reprovei, tentando escondeu meu alívio.
- Desculpe , é só o que eu tenho.
- ela disse, ofendida.
Isso me deixou ainda mais
aliviado. Consegui provocá -la de novo.
- Nem chegou perto.
- Nada de aranhas?
- Nada.
- E nada de radioatividade?
- Nada.
- Droga. - ela suspirou.
- A kriptonita também não me
incomoda. - eu respondi depressa - antes que ela pudesse
perguntar sobre mordidas - e
então tive que rir, porque ela achava que eu era um super -
herói.
- Não devia rir, lembra?
Apertei os lábios.
- Um dia eu vou descobrir. - ela
prometeu.
E quando ela o fizesse, iria
fugir.
- Gostaria que não tentasse. - eu
disse, todos os sinais da provocação ausentes.
- Por que…
Devia honestidade a ela. Tentei
sorrir, deixar minhas palavras menos ameaçadoras. - “E se
eu não for um super-herói? E se
eu for o vilão?”
Seus olhos se arregalaram
ligeiramente e os lábios se separaram um pouco. - Ah. - ela
disse. E então, depois de um
segundo. - Entendi.
Ela finalmente tinha me ouvido.
- Entendeu? - eu perguntei,
tentando esconder minha agonia.
- Você é perigoso? - ela
adivinhou. A sua respiração aumentou e o coração acelerou.
Não conseguia respondê-la. Esse
era meu último momento com ela? Ela iria fugir agora?
Eu seria capaz de dizer que a
amava antes que ela partisse? Ou isso a assustaria ainda mais?
- Mas não mau. - ela sussurrou,
balançando a cabeça, sem medo nos olhos intensos. - Não,
não acredito que você seja mau.
- Está errada. - eu disse baixo.
É claro que eu era mau. Eu não
estava feliz agora, que ela pensava melhor de mim do que
eu merecia? Se eu fosse uma boa
pessoa, eu teria ficado longe dela.
Eu estiquei minha mão pela mesa,
pegando a tampa da garrafa de limonada dela como uma
desculpa. Ela não recuou da minha
mão próxima. Ela realmente não tinha medo de mim.
Ainda não.
Eu girei a tampa rapidamente,
prestando atenção ao invés de olhar para ela. Meus
pensamentos estavam confusos.
Corra, Bella, corra. Não
conseguia falar as palavras em voz alta.
Ela ficou de pé. - Vamos chegar
atrasados. - ela disse, bem quando eu comecei a me
preocupar que de algum modo ela
tinha escutado meu aviso silencioso.
- Eu não vou à aula hoje.
- E por que não?
Porque eu não quero matar você. -
“É saudável matar aula de vez em quando.”
Para ser exato, era saudável para
os humanos quando os vampiros matavam aula nos dias
em que sangue humano seria
derramado. O Sr. Banner ia fazer tipagem sanguínea hoje.
Alice já tinha matado sua aula
pela manhã.
Bom, eu vou. - ela disse. Isso
não me surpreendeu. Ela era responsável - sempre fazia a
coisa certa.
Ela era o meu oposto.
- A gente se vê depois, então. -
eu disse, tentando parecer casual novamente, olhando a
tampa que rodava. E, por falar
nisso, eu adoro você… de jeitos perigosos, assustadores.
Ela hesitou, e eu esperei por um
momento que ela fosse ficar comigo. Mas o sinal tocou e
ela se apressou.
Esperei até que ela tivesse
desaparecido, e então guardei a tampa no meu bolso - uma
lembrança dessa conversa
importante - e andei pela chuva para o meu carro.
Coloquei o CD que mais me
acalmava - o mesmo que tinha colocado naquele primeiro dia -
mas não estava escutando as notas
de Debussy por muito tempo. Outras notas estavam
passando rápidas por minha
cabeça, o fragmento de uma melodia que me agradava e me
intrigava. Abaixei o rádio e
escutei a música em minha cabeça, tocando o fragmento até
que se desenvolveu para uma
harmonia completa. Instintivamente, meus dedos se moveram
no ar sobre teclas imaginárias.
A nova composição estava
realmente surgindo quando minha atenção foi desviada por uma
onda de angústia mental.
Eu procurei na direção da
aflição.
Ela vai desmaiar? O que eu faço?
Mike estava em pânico.
A noventa metros, Mike Newton
estava abaixando o corpo mole de Bella na calçada. Ela
escorregou sem reação no concreto
molhado, os olhos fechados, a pele pálida como a de
um cadáver.
Eu quase arranquei a porta do
carro.
- Bella? - gritei.
Não houve mudança em seu rosto
sem vida quando eu gritei seu nome.
Meu corpo todo ficou mais frio
que gelo.
Estava ciente da surpresa
irritada de Mike enquanto varria furiosamente seus pensamentos.
Ele só estava pensando em seu
ódio por mim, então eu não sabia o que havia de errado com
Bella. Se ele tivesse feito algo
para machucá-la eu iria aniquilá-lo.
- Qual é o problema… Ela se
machucou? - eu ordenei, tentando concentrar seus
pensamentos. Era enlouquecedor
ter que andar na velocidade humana. Eu não devia ter
chamado atenção para a minha
aproximação.
Então eu pude escutar o coração
dela batendo e cada respiração que dava. Enquanto eu
observava, ela apertou os olhos
fechados. Isso aliviou um pouco do meu pânico.
Eu vi um lampejo de memórias na
cabeça de Mike, rápidas imagens da classe de biologia.
A cabeça de Bella na mesa, sua
pele ficando verde. Gotas de vermelho contra cartões
brancos…
Tipagem sangüínea.
Eu parei onde eu estava,
segurando a minha respiração. O cheiro dela era uma coisa, o seu
sangue escorrendo era outra
totalmente diferente.
“Eu acho que ela está passando
mal.” Mike disse, ansioso e ressentido ao mesmo tempo.
“Eu não sei o que aconteceu, ela
nem furou o dedo.”
O alívio passou por mim, e eu
respirei novamente, sentindo o ar. Ah, eu pude sentir o
cheiro da pequena ferida de Mike
Newton. Uma vez, isso teria sido extremamente apelativo
para mim.
Eu me ajoelhei perto dela
enquanto Mike se remexia ao meu lado, furioso com a minha
intervenção.
“Bella. Você consegue me ouvir?”
“Não”, ela gemeu. “Vá embora”.
Eu ri. Ela estava bem.
“Eu estava levando ela para a
enfermaria”, Mike disse “Mas ela não conseguiu ir adiante”.
“Eu vou levar ela. Você pode
voltar para a sala de aula.” eu disse, indiferente.
Os dentes de Mike trincaram.
“Não. Sou eu quem deve fazer isso”.
Eu não ia ficar parado ali
argumentando com aquele infeliz.
Exitado e apavorado,
meio-agradecido e meio-aflito pela situação desagradável que fez o
toque dela uma necessidade,
suavemente levantei Bella da calçada e mantive -a nos meus
braços, tocando só a sua roupa,
mantendo tanta distância entre os nossos corpos enquanto
possível. Eu andava com passos
largos para a frente no mesmo movimento, em uma pressa
para mantê-la a salvo - mais
longe de mim, em outras palavras.
Seus olhos se abriram, atônitos.
“Me ponha no chão!” ela ordenou
em uma voz fraca - embaraçada de novo, eu adivinhei
pela sua expressão. Ela não
gostava de demonstrar fraquezas.
Eu mal ouvia Mike gritando seus
protestos atrás de nós.
“Você parece horrível” eu disse a
ela, sorrindo com alívio de que não houvesse nada de
errado com ela além de uma cabeça
leve e um estômago fraco.
“Me coloque de volta na calçada”,
ela disse. Seus lábios estavam brancos.
“Então você passa mal quando vê
sangue?” isso podia ser mais irônico?
Ela fechou seus olhos e
pressionou seus lábios juntos.
“E nem é o seu próprio sangue” eu
acrescentei, meu sorriso aumentando.
Nós estávamos na frente da
secretaria. A porta estava levemente aberta, e eu a chutei para
sair de nosso caminho.
A senhorita Cope pulou,
assustada. “Meu Deus,” ela engasgou enquanto examinava a
garota pálida nos meus braços.
“Ela passou mal na aula de
Biologia”, eu expliquei, antes que a sua imaginação começasse
a ir para muito longe.
A Srta. Cope se apressou em abrir
a porta da enfermaria. Os olhos de Bella estavam abertos
novamente, observando-a.
Ouvi o assombro interno da
enfermeira idosa enquanto eu deitava a garota cuidadosamente
em uma cama gasta. Tão logo Bella
estivesse fora de meus braços, eu coloquei a distância
da sala entre nós. Meu corpo
estava muito excitado, muito ansioso, meus músculos tensos e
o veneno fluindo. Ela era muito
quente e perfumada.
“Ela só está um pouco enjoada”,
eu assegurei à Senhora Hammond. “Eles estão fazendo
tipagem sangüínea na aula de
Biologia.”.
Ela balançou a cabeça,
compreendendo. “Sempre tem um.”
Eu abafei uma risada. Confie em
Bella para ser aquele um.
“Fique um pouco deitada, meu bem”
Sra. Hammond disse. “Vai passar logo”.
“Eu sei” Bella disse.
“Isso acontece muito?” a
enfermeira perguntou.
“As vezes” Bella admitiu.
Eu tentei disfarçar minha risada
em uma tossida.
Isso trouxe a atenção da
enfermeira para mim. “Você pode voltar para a sala agora” ela
disse.
Eu a olhei diretamente nos olhos
e menti confiantemente “Eu devo ficar com ela.”
Hmm. Eu imagino… oh, bem. Sra.
Hammond balançou a cabeça.
Isso funcionou perfeitamente com
ela. Por que com Bella tinha que ser tão difícil?
“Eu vou pegar um pouco de gelo
pra você colocar na sua testa, querida” a enfermeira disse,
ligeiramente pouco confortável
por olhar em meus olhos - do modo que um humano devia
ser - e deixou a sala.
“Você estava certo”, Bella
lamentou, fechando seus olhos.
O que ela queria dizer? Eu fui
direto para a pior conclusão: ela tinha aceitado os meus
avisos.
“Eu geralmente tenho” eu disse
tentando parecer divertido. “Mas sobre o que em particular
desta vez?”
“Faltar à aula é saudável.” ela
suspirou.
Ah, alívio de novo.
Ela ficou em silêncio então. Ela
só respirava lentamente para dentro e para fora. Seus lábios
estavam começando a ficar
rosados. Sua boca estava ligeiramente fora do equilíbrio, seu
lábio inferior estava um pouco
mais cheio do que o superior. Olhar para a sua boca me fazia
me sentir estranho. Me fazia
querer me mover para mais perto dela, o que não era uma boa
idéia.
“Você me assustou por um minuto
lá fora,” eu disse - para reiniciar a conversa - então eu
podia ouvir a sua voz novamente.
“Eu pensei que Mike estava arrastando o seu cadáver pra
enterrá-lo no bosque”.
“Ha ha”. ela disse.
“Honestamente - eu já vi
cadáveres com uma cor melhor.” Isso era realmente verdade. “Eu
já estava preocupado em ter que
vingar o seu assassinato”. E eu teria mesmo.
“Pobre Mike.” ela suspirou “Eu
aposto que ele está bravo”.
“Ele absolutamente me detesta.”
eu disse a ela, animado com a idéia.
“Você não tem como saber disso”.
“Eu vi o rosto dele - eu posso
dizer.” Provavelmente seria verdade se ao ler a face dele eu
conseguisse obter tais
informações para fazer essa dedução em particular. Toda essa prática
com a Bella estava afiando a
minha habilidade em ler expressões humanas.
“Como você me viu? Eu pensei que
você estivesse escondido” seu rosto parecia melhor - o
verde desbotado tinha
desaparecido de sua pele translúcida.
“Eu estava no meu carro ouvindo
um CD”.
Sua expressão se contorceu, como
se a minha resposta comum a tivesse surpreendido de
alguma forma.
Ela abriu seus olhos novamente
quando a Sra. Hammond retornou com uma compressa fria.
“Aqui, querida” - a enfermeira
disse enquanto colocava a compressa na testa de Bella.
“Você parece melhor”.
“Eu acho que estou bem” Bella
disse e sentou -se colocando a compressa longe. É claro. Ela
não gostava que cuidassem dela.
As mãos enrugadas da Sra. Hammond
estavam indo em direção à garota, como se
quisessem fazer com que ela
deitasse novamente, mas então a Srta. Cope abriu a porta e se
inclinou para dentro da
enfermaria. Com a sua entrada, veio um o cheiro de sangue fresco,
como uma pequena explosão.
Invisível na secretaria por
detrás dela, Mike Newton ainda estava bastante zangado,
desejando que o garoto pesado que
ele carregava agora fosse a garota que estava ali dentro
comigo.
“Tem outro aqui”, Srta. Cope
disse.
Bella rapidamente pulou da cama,
ansiosa por deixar de ser o centro das atenções.
“Aqui” ela disse, estendendo a
compressa de volta para a Sra. Hammond “Eu não preciso
mais disso.”
Mike grunhiu enquanto ele
empurrava um pouco Lee Stevens pela porta. O sangue ainda
gotejava da mão que Lee segurava
em seu rosto, pingando pelo seu pulso.
“Oh não”, essa era a minha deixa
para sair - e Bella, também, aparentemente. “Bella, vá
para a secretaria”.
Ela me olhou com olhos confusos.
“Confie em mim - vá.”
Ela se virou e alcançou a porta
antes que ela se fechasse, se apressando em direção à
secretaria. Eu a segui a alguns
centímetros dela. Seu cabelo em movimento roçou minha
mão…
Ela se virou para me olhar, a
inda com olhos arregalados.
“Você realmente me ouviu”, isso
era novidade.
Seu pequeno nariz se enrugou. “Eu
senti o cheiro de sangue”
Eu a encarei com surpresa. “As
pessoas não podem cheirar sangue”,
“Bem, eu consigo - é isso que me
deixa doente. Tem cheiro de ferrugem e…sal.”
Meu rosto estava congelado, ainda
a encarando.
Ela era realmente humana? Ela
parecia humana. Ela era suave como um humano. Ela
cheirava como um humano - bem,
melhor na verdade. Ela agia como um humano… mais
ou menos. Mas ela não pensava
como um, ou respondia como um.
Quais eram as outras opções,
então?
“O que é?”, ela perguntou.
“Não é nada”.
Mike Newton nos interrompeu
então, entrando na secretaria com ressentidos, violentos
pensamentos.
“Você parece melhor.” ele disse a
ela, rudemente.
Minha mão tremeu, querendo
ensinar a ele algumas maneiras, eu teria que me monitorar,
ou eu acabaria matando aquele
garoto insolente.
“Mantenha a sua mão no bolso”,
ela disse. Por um segundo selvagem, eu pensei que ela
estava falando comigo.
“Não está mais sangrando”, ele
respondeu tristemente “Você vai voltar pra aula?”
“Você tá brincando? Eu iria
voltar pra cá na certa.”
Isso era muito bom. Eu tinha
pensado que eu ia ter de perder esta hora inteira com ela, e
agora eu tinha tempo extra em vez
disso. Eu me senti ganancioso, um avarento procurando
cada minuto.
“É, eu acho…” Mike murmurou.
“Então, você vai esse fim de semana? Para a praia?”
Ah, eles tinham planos. A raiva
passou por mim. Era uma viagem em grupo, entretanto. Eu
tinha visto isso na cabeça de
outros estudantes. Não eram só eles dois. Eu ainda estava
furioso. Eu me inclinei praticamente
sem movimentos contra o balcão, tentando me
controlar.
“Claro, eu disse que ia.” ela
prometeu a ele.
Então ela disse sim a ele,
também. A inveja queimava, mais dolorosa do que a sede.
Não, era uma saída em grupo, eu
tentei me convencer. Ela somente ia passar o dia com os
amigos. Nada de mais.
“Vamos nos encontrar na loja do
meu pai, as dez.” E o Cullen NÃO ESTÁ convidado.
“Eu estarei lá”, ela disse.
“Eu te vejo na aula de educação
física, então.”
“A gente se vê”
Ele se virou para a sua classe, seus
pensamentos estavam cheios de raiva. O que ela vê
naquela aberração? Claro, ele é
rico, eu acho. As garotas acham que ele é lindo, mas eu
não acho. Muito… muito perfeito.
Eu aposto que o pai dele experimenta todas as cirurgias
plásticas neles. É por isso que
eles são tão brancos e bonitos. Não é natural. É um tipo
de… aparência-assustadora.
Algumas vezes, quando ele me encarava, eu poderia jurar que
ele está pensando em me matar…
aberração…
Mike não estava completamente
errado em suas percepções.
“Educação física”, Bella repetiu
silenciosamente. Um gemido.
Eu olhei para ela, e vi que ela
estava triste com alguma coisa novamente. Eu não tinha
certeza por que, mas estava claro
de que ela não queria ir para a próxima aula com o Mike,
e eu estava de acordo com esse
plano.
Eu fui para o seu lado e me
aproximei da sua face, sentindo o calor de sua pele irradiando
diretamente para os meus lábios.
Eu não me atrevi respirar.
“Eu posso cuidar disso”, eu
murmurei. “Vá se sentar e fique pálida”
Ela fez o que eu pedi, sentando
em uma das cadeiras vazias e inclinando a sua cabeça para
trás, contra a parede, enquanto,
atrás de mim, a Srta. Cope saiu da enfermaria e retornou à
sua mesa. Com os olhos fechados,
Bella parecia que estava passando mal novamente. Sua
cor ainda não tinha voltado
completamente.
Eu me virei para a secretária.
Com esperanças de que Bella estivesse prestando atenção
nisso, eu pensei sardonicamente.
Esse é o modo com o uma humana deveria responder.
“Sra. Cope?” eu perguntei, usando
a minha voz persuasiva de novo.
Seus cílios se agitaram, e o seu
coração passou a bater mais rápido. Muito jovem, se
controle! “Sim?”
Isso foi interessante. Quando o
pulso de Shelly Cope acelerou, foi porque ela me achou
fisicamente atraente, não porque
ela estava assustada. Eu estava acostumado a isso quanto
às fêmeas humanas… ainda eu não
tinha considerado isso como explicação para a
aceleração do coração da Bella.
Eu particularmente tinha gostado
disso. Eu sorri e a respiração da Sra. Cope acelerou.
“A próxima aula de Bella é de
Educação Física, e eu não acho que ela se sente bem o
suficiente. Na verdade, eu acho
que eu devia levar ela pra casa agora.A senhora acha que
pode liberá-la dessa aula?” eu
encarei profundamente seus olhos, me deliciando com a
destruição que eu causava em seus
processos mentais. Seria possível que Bella…?
Sra. Cope teve que engolir em
alto som antes que pudesse responder. “Você também precisa
ser liberado, Edward?”
“Não, eu tenho aula com a Sra.
Goff, ela não vai se incomodar.”
Eu não estava prestando muita
atenção nela agora. Eu estava explorando essa nova
possibilidade.
Hmm. Eu gostava de acreditar que
Bella me achava atraente como os outros humanos
achavam, mas desde quando que
Bella tinha as mesmas reações que os outros humanos? Eu
não podia manter as minhas
esperanças elevadas.
“Ok, então está tudo acertado.
Melhoras, Bella.”
Bella acenou com a cabeça
fracamente - exagerando um pouco.
“Você consegue caminhar, ou
prefere que eu te carregue de novo?” eu perguntei, me
divertindo com o teatro precário
dela. Eu sabia que ela iria querer andar - ela não queria
parecer fraca.
“Eu vou caminhando”. ela disse.
Certo de novo. Eu estava
melhorando nisso.
Ela se pôs em pé, hesitante por
um momento como se ela estivesse checando o seu
equilíbrio. Eu segurei a porta
para ela, e nós caminhamos para a chuva.
Eu olhava para ela erguendo o seu
rosto para a chuva fraca, seus olhos fechados, um leve
sorriso em seus lábios. O que ela
estava pensando? Alguma coisa nessa cena parecia errado,
e eu rapidamente percebi por que
essa ação pareceu tão estranha para mim. Garotas
humanas normais não levantariam o
seu rosto para a garoa dessa maneira, garotas humanas
normais normalmente usam
maquiagem, mesmo aqui nesse lugar úmido.
Bella nunca usava maquiagem, nem
deveria. As indústrias de cosméticos lucram bilhões de
dólares por ano de mulheres que
tentam conseguir uma pele como a dela.
“Obrigada”, ela disse, sorrindo
para mim agora “Quase vale a pena ficar doente pra perder
Educação física.”
Eu comecei a atravessar o campus,
imaginando por quanto tempo eu devia prolongar meu
tempo com ela. “É só pedir”, eu
disse.
“Então você vai? Sábado, eu quero
dizer.” ela parecia esperançosa.
Ah, a sua esperança era
tranqüilizante. Ela me queria com ela, não Mike Newton. E eu
queria dizer sim. Mas havia
muitas coisas para considerar. Em primeiro lugar, o sol estaria
brilhando nesse sábado…
“Onde vocês todos estão indo,
exatamente?” eu tentei manter a minha voz indiferente,
como se eu não me importasse
muito. Mike tinha dito praia, entretanto. Não tinha muitas
chances de escapar da luz do sol
lá.
“Vamos à La Push, para Primeira
Praia.”
Droga. Bem, era impossível então.
De qualquer forma, Emmett ficaria
irritado se eu cancelasse nossos planos.
Lancei os olhos abaixo para ela,
sorrindo tortamente. “Eu não acho que eu tenha sido
convidado”.
Ela suspirou, resignada. “Eu
acabei de te convidar”.
“Eu e você não vamos mais abusar
tanto do pobre Mike e esse fim de semana. Nós não
queremos que ele arrebente”.
Imaginei eu mesmo fazendo com o que o pobre Mike
arrebentasse e desfrutei dessa
cena mental intensamente.
“Mike boboca”, ela disse, com
desprezo novamente. Meu sorriso aumentou.
E então ela começou a andar para
longe de mim.
Sem pensar sobre o que eu estava
fazendo, eu me estiquei e a peguei pela parte de trás de
seu casaco de chuva. Ela deu um
solavanco ao parar.
“Onde é que você pensa que vai?”
eu estava quase bravo por ela estar me deixando. Eu não
tinha passado tempo suficiente
com ela. Ela não podia ir embora, não ainda.
“Eu vou pra casa” ela disse,
desconcertada quanto ao porque isso tinha me irritado.
“Você não me ouviu prometer que
te levaria pra casa em segurança? Você acha que eu vou
te deixar dirigir nessas
condições?” eu sabia que ela não ia gostar disso - a minha
implicação de fraqueza da sua
parte.
Mas eu precisava praticar para a
viagem à Seattle, de qualquer forma. Ver se eu agüentaria
tê-la próxima em um espaço
fechado. Essa era uma viagem muito mais curta.
“Que condições?” ela perguntou “E
a minha caminhonete?”
“Eu vou pedir pra Alice levá-la
depois da escola” eu a puxei de volta para o meu carro
cuidadosamente, embora eu
soubesse agora que andar pra frente era desafiador o suficiente
para ela.
“Me solta!” ela disse, se
contorcendo de lado, quase tropeçando. Eu ergui uma mão para
segurá-la, mas ela se ajeitou
antes que isso fosse necessário. Eu não devia ficar procurando
desculpas para tocá-la. Aquilo
fez com que eu começasse a pensar sobre a reação da Sra.Cope quando a mim, mas
eu guardei isso para pensar depois. Tinha muito a ser considerado
mais para frente.
Eu a deixei ao lado do carro, e
ela cambaleou até a porta. Eu teria que ser ainda mais
cuidadoso, levando em conta o seu
equilíbrio precário…
“Você é muito mandão!”
“Está aberta.”
Eu entrei pelo meu lado do carro
e dei a partida. Ela manteve o seu corpo rígido, ainda do
lado de fora, apesar da chuva ter
ficado mais forte e eu sabia que ela não gostava de frio e
umidade. A água estava
encharcando seu grosso cabelo, escurecendo -o até próximo do
preto.
“Eu sou perfeitamente capaz de
dirigir até em casa!”
É claro que ela era - eu somente
não era capaz de deixá -la ir.
Eu abaixei o vidro do lado do
carona e me inclinei em sua direção. “ Entre no carro, Bella”.
Seus olhos se estreitaram e eu
achei que ela estava se decidindo se devia ou não sair
correndo.
“Eu vou pegar você de novo” eu
prometi, desfrutando do desapontamento em seu rosto
quando ela percebeu que eu estava
falando sério.
Seu queixo se enrijeceu no ar,
ela abriu a sua porta e entrou. Seu cabelo pingou no couro do
banco e suas botas rangeram uma
contra a outra.
“Isso foi completamente
desnecessário” ela disse friamente. Eu achei que ela parecia
embaraçada por debaixo da
humilhação.
Eu aumentei o aquecedor, portanto
ela não se sentiria desconfortável, e coloquei a música
em um bom nível de fundo. Eu
dirigi em direção à saída, observando -a pelos cantos dos
olhos. O seu lábio inferior se
sobressaia fazendo beicinho. Eu encarei isso, examinando
como que fazia me sentir…
pensando na reação da secretária de novo…
De repente, ela olhou para o
rádio e sorriu, seus olhos arregalados. “Clair de Lune?” ela
perguntou.
Uma fã dos clássicos? “Você
conhece Debussy?”
“Não muito”, ela disse “Minha mãe
toca muita musica clássica em casa. Eu só conheço as
minhas favoritas.”
“É uma das minhas favoritas
também”, Eu olhei para a chuva, considerando isso. Eu
realmente tinha algo em comum com
a garota. Eu tinha começado a pensar que nós éramos
opostos em todos os sentidos.
Ela parecia mais relaxada agora,
olhando para a chuva como eu, com olhos vagos. Eu
aproveitei a sua distração
momentânea para testar a minha respiração.
Eu inalei cuidadosamente pelo meu
nariz.
Potente.
Eu apertei a direção com força. A
chuva a fazia cheirar melhor. Eu não pensava que isso
fosse possível. Estupidamente, eu
estava subitamente imaginando como devia ser o seu
sabor.
Eu tentei engolir contra a
queimação em minha garganta, pensar em alguma coisa diferente.
“Como é a sua mãe?” eu perguntei
como distração.
Bella sorriu. “Ela se parece
muito comigo, mas ela é mais bonita.”
Eu duvidava disso.
“Eu tenho muito de Charlie em
mim.” ela continuou. “Ela é mais divertida que eu, e mais
corajosa.”
Eu duvidava disso, também.
“Ela é irresponsável e um pouco
excêntrica e uma cozinheira muito imprevisível. Ela é
minha melhor amiga.” Sua voz se tornou
melancólica, sua testa se enrugou.
De novo, ela mais parecia como um
pai do que um filho.
Eu parei na frente de sua casa,
imaginando tarde demais se eu devia saber onde ela morava.
Não, isso não era suspeito em uma
cidade pequena, com seu pai sendo uma figura
pública…
“Quantos anos você tem, Bella?”
ela devia ser mais velha que as outras pessoas. Talvez ela
tenha começado mais tarde a
escola, ou tenha reprovado… isso não era agradável, de
qualquer forma.
“Eu tenho dezessete” ela
respondeu.
“Você não parece ter dezessete”
Ela riu.
“O que foi?”
“Minha mãe sempre diz que eu
nasci com trinta e cinco anos de idade e que fico mais velha
a cada ano que passa.” Ela riu de
novo e suspirou “Bem, alguém tem que ser o adulto”.
Isso esclarecia as coisas para
mim. Eu podia ver agora… como a irresponsabilidade da mãe
ajudava a explicar a maturidade
de Bella. Ela teve que crescer mais cedo, para se tornar a
responsável. Era por isso que ela
não gostava de ser cuidada - ela sentia que era o seu
trabalho.
“Você também não parece um
jovenzinho”, ela disse, me puxando de meus devaneios.
Eu fiz uma careta. Para cada
coisa que eu percebia sobre ela, ela percebia muito mais em
resposta. Eu mudei de assunto.
“Então porque sua mãe se casou
com Phil?”
Ela hesitou por um minuto antes
de responder. “Minha mãe…ela é muito jovem para a
idade dela. Acho que Phil a faz
se sentir ainda mais jovem. De qualquer forma, ela é louca
por ele.” ela agitou a sua cabeça
indulgentemente.
“Você aprova?” eu imaginei.
“Isso importa?” ela respondeu “Eu
quero que ela seja feliz…e é ele que ela quer.”
A falta de egoísmo de seus
comentários deviam ter me chocado, exceto que isso encaixava
perfeitamente com tudo que eu
havia aprendido de sua personalidade.
“Isso é muito generoso… eu
imagino…”
“O quê?”
“Se ela estenderia a mesma
cortesia pra você, você acha? Não importa qual seja a sua
escolha?”
Essa foi uma pergunta tola, e eu
não consegui manter o tom casual em minha voz enquanto
eu perguntava isso. Como era
estúpido se quer considerar alguém me aprovando para a sua
filha. Como era estúpido se quer
imaginar Bella me escolhendo.
“E - eu acho que sim” ela
gaguejou, reagindo de alguma forma ao meu olhar fixo. Medo…
ou atração?
“Mas de qualquer forma ela é uma
mãe, apesar de tudo. É um pouco diferente” ela
finalizou.
Eu sorri ironicamente. “Nada
muito assustador então.”
Ela sorriu para mim. “O que você
quer dizer com assustador? Vários piercings no corpo e
tatuagens gigantescas?”
“É uma definição, eu acho”. Uma
nem um pouco ameaçadora definição, na minha cabeça.
“Qual é a sua definição?”
Ela sempre fazia as perguntas
erradas. Ou exatamente as perguntas certas, talvez. As que eu
não queria responder, pelo menos.
“Você acha que eu poderia ser
assustador?” eu perguntei a ela, tentando sorrir um pouco.
Ela pensou sobre isso antes de
responder para mim em um tom sério. “Hmm… eu acho que
você poderia ser, se você
quisesse.”
Eu estava sério, também. “Você
está com medo d e mim agora?”
Ela respondeu de uma só vez, sem
pensar agora. “Não.”
Eu sorri mais facilmente. Eu não achava
que ela estava dizendo a verdade completamente,
mas também não estava mentindo
por completo. Ela não estava com medo o suficiente para
querer ir embora, ao menos. Eu
imaginava como que ela se sentiria se eu dissesse a ela que
ela estava tendo essa discussão
com um vampiro. Eu contraí meus músculos
involuntariamente ao imaginar a
sua reação.
“Então, agora você vai me falar
sobre a sua família? Deve ser uma história bem mais
interessante do que a minha.”
Mais assustadora, sem dúvida.
“O que você quer saber?” eu
perguntei cautelosamente.
“Os Cullens te adotaram?”
“Sim.”
Ela hesitou, então falou em uma
voz baixa. “O que aconteceu com os seus pais?”
Isso não era tão difícil; eu não
estava tendo que mentir para ela. “Eles morreram há muitos
anos atrás.”
“Eu lamento”, ela murmurou,
claramente preocupada sobre ter me machucado.
Ela estava preocupada comigo.
“Na verdade eu não lembro deles
muito claramente.” Eu assegurei a ela “Carlisle e Esme
são meus pais há muito tempo
agora.”
“E você os ama”, ela deduziu.
Eu sorri. “Sim. Eu não poderia
imaginar duas pessoas melhores”.
“Você tem muita sorte.”
“Eu sei que tenho.” Naquela
circunstância, quanto aos meus pais, minha sorte não podia ser
negada.
“E seu irmão e sua irmã?”
Se eu deixasse que ela me
pressionasse por muitos mais detalhes, eu teria que mentir. Eu
lancei um olhar ao relógio,
desanimado por meu tempo com ela estar no final.
“Meu irmão e minha irmã, e Jasper
e Rosalie por falar neles, vão ficar bem bravos se
tiverem que ficar na chuva
esperando por mim”.
“Oh, desculpe, eu acho que você
tem que ir”.
Ela não se mexeu. Ela não queria
que o nosso tempo terminasse, também. Eu gostava
muito, muito disso.
“E provavelmente você quer o seu
carro aqui antes que Charlie chegue em casa, assim você
não terá que contar pra ele sobre
o acidente na aula de Biologia.” Eu sorri com a memória
dela embaraçada em meus braços.
“Eu tenho certeza que ele já
sabe. Não existem segredos em Forks”. Ela disse o nome da
cidade com um desgosto distinto.
Eu ri com as suas palavras. Não
existem segredos, de fato. “Se divirta na praia.” eu lancei
um olhar para a chuva torrencial,
sabendo que ela não ia durar muito, e desejando mais
forte que o normal que isso
acontecesse. “Ótimo clima pra um banho de sol.” Bem, ao
menos no sábado. Ela ia gostar
disso.
“Eu não vou ver você amanhã?”
A preocupação em seu tom de voz
me deixou feliz.
“Não. Emmett e eu vamos começar o
fim de semana mais cedo.” Eu estava louco comigo
mesmo agora por ter feito planos.
Eu podia quebrá-los… mas não havia nada mais
importante do que caçar nesse
ponto, e minha família já estava ficando preocupada o
suficiente com o meu
comportamento sem eu revelar o quão obsessivo eu estava ficando.
“O que vocês vão fazer?” ela
perguntou, não parecendo feliz com a minha revelação.
Bom.
“Nós vamos fazer uma caminhada
nas Goat Rocks , ao
sul do Monte Rainier.” Emmett
estava ansioso pela temporada de ursos.
“Hum, bem, divirta-se”, ela disse
de forma apática. Sua falta de entusiasmo me fez feliz
novamente.
Ao olhar para ela, eu comecei a
me sentir quase agoniado pelo pensamento de dizer um
adeus temporário. Ela era tão
delicada e vulnerável. Parecia imprudente deixá-la fora da
minha vista, onde qualquer coisa
podia acontecer com ela. E ainda, as piores coisas que
poderiam acontecer com ela resultariam
em estar ao meu lado.
“Será que você poderia fazer uma
coisa por mim esse fim de semana?” eu perguntei
seriamente.
Ela balançou sua cabeça, seus
olhos arregalados e desnorteados com a minha intensidade.
Mantenha isso leve.
“Não se ofenda, mas você parece
ser uma dessas pessoas que atraem acidentes como um
imã. Então… tente não cair no
oceano ou ser atropelada, está bem?”
Eu sorri pesarosamente para ela,
esperando que ela pudesse ver a tristeza em meus olhos.
Como eu desejava que ela não
estivesse tão melhor longe de mim, não importasse o que
acontecesse com ela.
Corra, Bella, corra. Eu amo você
demais, para o seu próprio bem ou para o meu.
Ela ficou ofendida pela minha
importunação. Ela olhou para mim. “Eu vou ver o que posso
fazer”, ela soltou em um estalo,
pulando para fora do carro na hora e batendo a porta com
tanta força quanto ela podia
atrás dela.
Como um gatinho bravo que
acredita ser um tigre.
Eu apertei a mão ao redor da
chave que eu tinha pego do bolso da jaqueta dela, e sorri
enquanto eu dirigia para longe.
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